domingo, 14 de fevereiro de 2010

Soure, Ilha de Marajó

Final de semana 12 a 14 de fevereiro





Para chegar até aqui é necessário pegar um barco ou lancha rápida na Estação da Docas, em Belém. Leva de 2:30 a 3 horas a travessia. Chega-se ao porto de Catamarã, na Ilha de Marajó. De lá se vai para um dos 13 municípios que compõem a ilha. No meu caso Soure, capital informal do local. Pega-se um taxi, moto taxi ou van para chegar até a balsa, atravessa o rio Paracauari e chega até a cidade de Soure.

Esta é uma zona de mangue, alagadiça e de extrema beleza. Cenas que, se não visse “in loco”, pensaria em uma montagem de fotografia.


A pousada onde estou chama “Do Alemão”. Um local agradável, somente cinco quartos, atendida pelo casal que faz inclusive o pão que é servido com o queijo de búfala no café da manhã.


Chove muito aqui na cidade de Soure. O incrível é que cai muita água e ela some. Dizem os mais velhos que, se um dia a floresta acabar, tudo vira deserto de areia bem fininha. Deve ser mesmo pois o solo é pobre, arenoso. A riqueza da Amazônia está exatamente no fato de a floresta existir. Ela se reergue a cada instante. E se desmancha com uma facilidade incrível. Caem frutos, folhas, até mesmo galhos e troncos e, logo ali, já tem um brotinho vindo.
Começou a época das cheias, ou pelo menos, terminou a seca. Com chuva ou sem, o povo daqui faz tudo que tem que ser feito. É estranho, logo pensa: e se eu me molhar? Molhou, ora. Seca logo em seguida. A vida segue.
Não sei se eu conseguiria viver assim, com constante chuva.
Aqui na Ilha tem criação de búfalos. Tem várias espécies apesar de que, na minha avaliação, é tudo igual.

Além das fazendas, o pessoal que mora na cidade também tem uns búfalos, que são criados assim, soltos, comendo pasto do vizinho e estragando os jardins daqueles poucos que insistem em embelezar a cidade.
Daí tu acorda de manhã e dá de cara com um bufalozinho na tua janela. Coisinha de nada...

Na Ilha tem floresta, fazenda de búfalos cidades e praias. Fui em três: Do Pesqueiro, mais afastada de Soure, Araruna e Barra Velha.


Para ir até a praia do Pesqueiro contratei um moto taxi por 14,00, ida e volta. Te deixa lá na praia e marca um horário de retorno. É uma praia movimentada, tem salva vidas e muitos quiosques na beira da praia.



O rio Amazonas avança e se retrai com muita facilidade, então não espere areia seca para colocar a canga no chão. Assim como está sentada com mesinhas próximas aos quiosques, com chão empapado, mas o rio longe, daqui a pouco as águas do rio estão te cobrindo as pernas, na mesma mesinha de antes.


As praias de Araruna e de Barra Velha são próximas e dá pra ir de bicicleta.


Deve ter uns 3 a 4 km da pousada, pegando uma estradinha de chão batido que avança por dentro de uma propriedade privada.

Como a maré estava baixa as duas praias quase se misturam e por pouco não pude ir de uma a outra pedalando. O problema está na areia do fundo do rio. Na parte mais funda, eu e a bicicleta quase atolamos. Parece areia movediça. Quanto mais andava, mais pro fundo ia. Então foi necessário muita calma, tirar a bicicleta da água, retornar por um longo percurso e pegar a ponte de madeira (que está quase caindo) para voltar até a estrada.


Não entram carros nem motos nestas duas praias, somente bicicleta. Então, um pouco antes da ponte de madeira todos deixam seus carros na estrada e atravessam a ponte a pé.
Como toda cidade do interior, aqui não é diferente, as aparências tudo podem. Carro velho ou os ditos populares, só na população de baixíssima renda, nos bairros mais afastados e que geralmente usam o carro puxado por búfalos. Na cidade é só carrão. Na fila de carros estacionados antes da ponte das praias ou na beira da praia do Pesqueiro, marca a toa não tem vez. Aqui ainda tem o agravante dos caubóis da vez, com seus jipes com tração nas quatro rodas, no alto de suas cabines, saem aqueles seres com seus chapéus de couro com as abas laterais atadas, lata de cerveja na mão, caminhando com as pernas entreabertas, típico de quem cavalga bastante. Aliás, esta praga de entrar na beira da praia de carro, estacionar na frente de onde estão as pessoas, entre elas e o rio, ligar o som e “curtir” o dia, seja lá onde estiver, isto parece tão “normal”.
Eu quero a anormalidade!!!
A beleza deste lugar é tão grande que quase faz esquecer aquilo que todos, a todo tempo, tentam te lembrar: aqui a rede globo gravou o programa “No Limite” e isso é algo de que toda a população da ilha se orgulha. Quer saber o pior? Eu não sabia que programa era esse e demorei pra entender que não se tratava de um documentário ecológico sobre a importância da floresta e do rio para a humanidade.
Mas tudo bem... Chego a conclusão de que o fim do mundo não existe. Nem o paraíso.
Assim como a Felicidade, o Paraíso é efêmero.
Que possamos aproveitar nossos momentos de delicadeza e dividí-los com os amigos.
Um brinde a isso!

4 comentários:

  1. Que continue sua viagem... o sorriso está largo... a alma deve estar leve... e olhos cheios de belas paisagens...

    Gilse

    ResponderExcluir
  2. Maluzita,
    que maravilhosa aventura!(E eu que nem sabia que tu sabias andar de bicicleta!)A felicidade pode até ser efêmera e, por isso mesmo, é preciso saber reconhecê-la quando se apresenta prá nós... neste caso, "é tudo uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo" prá "saber" curtir o momento vivido! Adorei ver a felicidade estampada no teu rosto. Bjs,

    ResponderExcluir
  3. Uma das mais lindas fotos da viagem, teu rosto parece iluminado! Como se tudo estivesse no seu devido lugar, sabe, um ar de tranquilidade e de satisfação interior... Beijos,
    Aline

    ResponderExcluir
  4. Concordo com Aline sobre sua foto! E que vento hein? Também amei a poeticidade dos comentários da Gilse, ela escreve lindamente, pura arte, neh?

    Adorei todos os relatos da bela viagem e neste post a ironia sobre "No limite" foi bem interessante...

    Agora feliz Portinho pra você, curta a última semana, amiga!

    Abraço carinhoso, com votos de que tenhas voltado muito feliz!
    Ju

    ResponderExcluir