quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Porto Alegre

18 de fevereiro



Ai está o mapa com as rotas seguidas. Em verde, a primeira viagem de barco pelo rio Negro. Fomos, eu e João Pedro, de Manaus até São Gabriel da Cachoeira navegando e retornamos voando.


A rota em vemelho sai de Manaus, passa por Santarém, Santana/Macapá e Belém.


A última rota, em lilás, vai de Belém até Soure, Ilha de Marajó. Fui e retornei numa enorme lancha azul e branca. O trajeto levou umas 3 horas de viagem.


Depois, cá estou eu aqui, com um voo de Belém pro meu Portinho Amado.


E olha o chimarrão ai, gente!!!











domingo, 14 de fevereiro de 2010

Soure, Ilha de Marajó

Final de semana 12 a 14 de fevereiro





Para chegar até aqui é necessário pegar um barco ou lancha rápida na Estação da Docas, em Belém. Leva de 2:30 a 3 horas a travessia. Chega-se ao porto de Catamarã, na Ilha de Marajó. De lá se vai para um dos 13 municípios que compõem a ilha. No meu caso Soure, capital informal do local. Pega-se um taxi, moto taxi ou van para chegar até a balsa, atravessa o rio Paracauari e chega até a cidade de Soure.

Esta é uma zona de mangue, alagadiça e de extrema beleza. Cenas que, se não visse “in loco”, pensaria em uma montagem de fotografia.


A pousada onde estou chama “Do Alemão”. Um local agradável, somente cinco quartos, atendida pelo casal que faz inclusive o pão que é servido com o queijo de búfala no café da manhã.


Chove muito aqui na cidade de Soure. O incrível é que cai muita água e ela some. Dizem os mais velhos que, se um dia a floresta acabar, tudo vira deserto de areia bem fininha. Deve ser mesmo pois o solo é pobre, arenoso. A riqueza da Amazônia está exatamente no fato de a floresta existir. Ela se reergue a cada instante. E se desmancha com uma facilidade incrível. Caem frutos, folhas, até mesmo galhos e troncos e, logo ali, já tem um brotinho vindo.
Começou a época das cheias, ou pelo menos, terminou a seca. Com chuva ou sem, o povo daqui faz tudo que tem que ser feito. É estranho, logo pensa: e se eu me molhar? Molhou, ora. Seca logo em seguida. A vida segue.
Não sei se eu conseguiria viver assim, com constante chuva.
Aqui na Ilha tem criação de búfalos. Tem várias espécies apesar de que, na minha avaliação, é tudo igual.

Além das fazendas, o pessoal que mora na cidade também tem uns búfalos, que são criados assim, soltos, comendo pasto do vizinho e estragando os jardins daqueles poucos que insistem em embelezar a cidade.
Daí tu acorda de manhã e dá de cara com um bufalozinho na tua janela. Coisinha de nada...

Na Ilha tem floresta, fazenda de búfalos cidades e praias. Fui em três: Do Pesqueiro, mais afastada de Soure, Araruna e Barra Velha.


Para ir até a praia do Pesqueiro contratei um moto taxi por 14,00, ida e volta. Te deixa lá na praia e marca um horário de retorno. É uma praia movimentada, tem salva vidas e muitos quiosques na beira da praia.



O rio Amazonas avança e se retrai com muita facilidade, então não espere areia seca para colocar a canga no chão. Assim como está sentada com mesinhas próximas aos quiosques, com chão empapado, mas o rio longe, daqui a pouco as águas do rio estão te cobrindo as pernas, na mesma mesinha de antes.


As praias de Araruna e de Barra Velha são próximas e dá pra ir de bicicleta.


Deve ter uns 3 a 4 km da pousada, pegando uma estradinha de chão batido que avança por dentro de uma propriedade privada.

Como a maré estava baixa as duas praias quase se misturam e por pouco não pude ir de uma a outra pedalando. O problema está na areia do fundo do rio. Na parte mais funda, eu e a bicicleta quase atolamos. Parece areia movediça. Quanto mais andava, mais pro fundo ia. Então foi necessário muita calma, tirar a bicicleta da água, retornar por um longo percurso e pegar a ponte de madeira (que está quase caindo) para voltar até a estrada.


Não entram carros nem motos nestas duas praias, somente bicicleta. Então, um pouco antes da ponte de madeira todos deixam seus carros na estrada e atravessam a ponte a pé.
Como toda cidade do interior, aqui não é diferente, as aparências tudo podem. Carro velho ou os ditos populares, só na população de baixíssima renda, nos bairros mais afastados e que geralmente usam o carro puxado por búfalos. Na cidade é só carrão. Na fila de carros estacionados antes da ponte das praias ou na beira da praia do Pesqueiro, marca a toa não tem vez. Aqui ainda tem o agravante dos caubóis da vez, com seus jipes com tração nas quatro rodas, no alto de suas cabines, saem aqueles seres com seus chapéus de couro com as abas laterais atadas, lata de cerveja na mão, caminhando com as pernas entreabertas, típico de quem cavalga bastante. Aliás, esta praga de entrar na beira da praia de carro, estacionar na frente de onde estão as pessoas, entre elas e o rio, ligar o som e “curtir” o dia, seja lá onde estiver, isto parece tão “normal”.
Eu quero a anormalidade!!!
A beleza deste lugar é tão grande que quase faz esquecer aquilo que todos, a todo tempo, tentam te lembrar: aqui a rede globo gravou o programa “No Limite” e isso é algo de que toda a população da ilha se orgulha. Quer saber o pior? Eu não sabia que programa era esse e demorei pra entender que não se tratava de um documentário ecológico sobre a importância da floresta e do rio para a humanidade.
Mas tudo bem... Chego a conclusão de que o fim do mundo não existe. Nem o paraíso.
Assim como a Felicidade, o Paraíso é efêmero.
Que possamos aproveitar nossos momentos de delicadeza e dividí-los com os amigos.
Um brinde a isso!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ilha de Marajó

11 de fevereiro
Floresta novamente!
Aqui estou na Ilha de Marajó.
Almocei bife de bufalo acebolado, tri bom. A carne é macia e firme.
Aliás, tem búfalo em toda a parte por aqui. E coco também...

A cidade de Soure até que não é tão pequenininha, mas ainda assim é um vilarejo.

Aqui todo mundo anda de bicicleta e moto, na pousada onde estou, Posada do Alemão, tem bicicleta pra alugar, e eu já estou com a minha, é claro!



A paisagem é um pouco surreal. Parece que estamos em outro planeta.

Como dá pra perceber, a pousada conta com uma passarinhada bem animadora. Este é o local do café da manhã.
E nem precisei ir até o Maranhão para ver os lençois. Tem aqui também.

E o povo também não se aperta pra tomar uma cervejinha.

Aqui tem mais fotos que comentários. É que me empolguei em poder publicar fotos com internet da pousada - em plena ilha, no fim do mundo, como dizem por aqui.
Vir pra cá vale tudo. Deixar Belém de lado também.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Dias em Belém


07 a 09 de fevereiro



Seguindo minha dieta cosmopolita, ignorei solenemente toda e qualquer comida regional, menos a água de coco, que ninguém é de ferro!


Todo domingo, na Praça da República, tem uma Feira de Artesanato.
Aliás, como em qualquer praça central de uma cidade, seja ela pequenininha ou de grande porte. Isso é uma das coisas mais atraentes desde os primórdios dos agrupamentos humanos: A Troca. Ela estará lá, eternamente em todos os níveis possíveis e impensáveis, nem sempre se tratará de algo materialmente palpável, mas sempre envolvente e imaginário.
Toda feira tem seus artistas, bons ou ruins, mas eles estão lá; tem balão, palhaço, fantasia de carnaval, gestos, sorrisos e olhares. A Troca enfim, está lá, pra todos.


Aqui em Belém tem muitos pontos turísticos e tento visitar alguns. Elejo prioridades, de acordo com meu humor diário. É claro que não irei a todos e não adianta depois alguém dizer: - Óh céus, como deixou de ir a tal lugar, é algo marcante da região, da história, do povo, etc e tal. Não estava a fim e não fui. O critério é meu!



Um lugar gostoso é o Mangal da Garças. Almocei lá, bacalhau.
Desculpe o bairrismo, mas não é igual ao bacalhau do antigo restaurante Galo - aquele que fechou há uns dois anos e durante toda sua existência sempre teve os piores garçons do mundo, mas não abríamos mão porque isso já era uma característica do lugar e do gosto.


Mas tá, domingo, almoço em família, bufê... parece que toda a aristocracia decadente de Belém foi usufruir do preço do almoço, porque ala carte, à noite, é bem diferente. Nunca vi tanto nariz empinado, o teto devia ter marcas de tiros de metralhadora.

Depois do almoço o passeio. É bem bonito e refrescante. Além da garças, tem os pássaros, borboletas e plantas. Dá pra ficar horas sentada num daqueles bancos só curtindo a algazarra aérea que nos é oferecida.



Nesta época, tem que se ter cuidado ao andar pela cidade, pois alguns pontos são transformados em espaços de ensaio e diversão, sem muito aviso prévio aos turistas completamente desavisados (eu, por exemplo...).

Num destes retornos, no final do dia, dei de cara com grupos carnavalescos. As ruas tinham sido transformadas em praças e pequeninos grupos como os do início do seculo XX (aprendi nas novelas da globo) começavam a se formar.
Tinha os blocos de homens só de sunga e uma gravata espalhafatosa, o das mulheres com roupa normal, chapéu de palha com laços de fita colorido e pintinhas no rosto... De tudo, mas nada de exageros, era povo mesmo na rua, montando seus blocos e se divertindo.
A rua, o caminho que eu havia decorado, o ônibus, o mapa da cidade, tudo era engolido por esta grande festa. E eu ali. Olhei pra um lado, pro outro, ninguém parecia se importar muito com minha constante aflição. - Onde estou, como retornar e o pior, a noite se aproximava. Ao redor era tudo festa, sorrisos, olhares, a troca novamente. A grande Feira da Vida. Fazer o que então? Curte, pula, brinca ... e vai procurando a saída, ela estará lá, em algum lugar.

Ver o Peso - foto da internet

Caranguejo. Uau!!! Eu já tinha experimentado, mas nunca havia me deliciado arrebentando as patinhas do pobre crustáceo. Cheguei num final de manhã a uma banquinha do mercado “Ver o Peso”. O mercado em si é bárbaro, em todos os sentidos, vale a pena conhecer.
Agora, sentar numa daquelas banquinhas que só tem quatro banquinhos altos (e dois já estão ocupados com bebuns queterãonecessariamentedesairdelá, pois somente ali tem caranguejo e EU quero muito) é fantástico. Após algumas negociações, os bons moços foram dormir em outro lugar, cedendo este pequeno palacete pra esta alma esfomeada.
Além destes quatro banquinhos, o espaço contava também com duas mesinhas e oito cadeiras já ocupadas por senhores de chapéu de aba e camisas coloridas. Eram sambistas completando suas canções para se apresentarem mais tarde. Um deles, com certo dó de meu caranguejo (não de mim), levantou e veio me ensinar como tirar a carne sem necessariamente destruir o que restava do pobre.
imagem da internet

Quando olhei para a tabuinha dele, limpa e o martelinho sem uso, e para a minha, imunda, casca por toda a bancada, quase que se via “sangue” brotando nas laterias de meu martelinho, fiquei envergonhada. Mas isso não me impediu de terminar o que eu havia iniciado. No final pedi a pia emprestada pra limpar o rosto e tirar as casquinhas das bochechas.

Outro local bonito é a Estação das Docas.





O porto transformado em espaço público (pra quem puder pagar, é claro), com restaurantes que cobram em torno de 35 reais o quilo do bufê. Limpíssimo, com lojas de grife e espaço aberto para avistar o rio Amazonas.




Por falar em Rio Amazonas, segue aqui um conselho.
Se queres conhecer o Rio e a Floresta, fique com os dois e não venha pra Belém.
Pelo menos não cometa o erro que cometi.
Não venha pra Belém pelo Rio, depois de passar cinco dias dentro dele e da Floresta.
É como se um tijolo caísse em cima de ti. A beleza do mundo desaparece.
esta foto é da internet

Saindo dos pequenos canais do rio Amazonas, onde é possível quase tocar a vegetação nos dois lados do barco, entramos na enorme baía de Guajará.
A baía, de tão grande que quase não se consegue ver o outro lado, percebendo-se apenas um filetezinho de verde bem ao longe, é tomada, de uma hora pra outra, por uma infinita parede cinza de concreto irregular.
A cena é horrorosa. Daria um belo cenário de filme de terror.
Então, se quer conhecer Belém venha para Belém, que é uma bonita cidade, depois vá para o rio e para a floresta.
Depois.
Assim a sombra cinza fica em nossas costas e não a percebemos, ou melhor, saindo do cinza para barrento rio Amazonas e aos poucos descobrindo os tons de verde da Floresta. Deixando para trás aquilo que um dia engolirá nossos sonhos.


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Amanhã, se eu acordar no horário, vou dar um pulinho na Ilha de Marajó. Acho que fico uns dois ou três dias, ainda não sei. Depende.




Volto pra POA na madrugada de segunda, saio 1:25 - TAM - SP - 9:25 - POA.



Depois falo sobre Marajó. Até lá, espero que este hostel tenha pago a conta da internet!!!!





EU PRECISO DE UM CHIMARRÃO PELAMORDEUS !

sábado, 6 de fevereiro de 2010

esta foto é da internet


06 de fevereiro


Pois é, passos uns dias sem escrever e os amigos, Ainda Bem, te mandam mails aos montes.
Que seria de nós sem os queridos amigos?

Após alguns dias de molho, literalmente, pois em Belém chove como deus manda e chuva com cama só pode dar molho. Deve ter sido a “maré” que eles chamam por aqui, ou seja, a marola do rio, somado ao barulho do motor, do cheiro de coentroooo, de dormir na rede, de banheiro ruim, enfim, pifei. Já haviam me avisado que isso iria acontecer e eu não acreditei. Tri bobinha eu!

Ainda estou sem poder enviar fotos, dizem que segunda teremos internet sem fio aqui no albergue, somado ao fato de que tem dois dias que eu não tiro fotos.

Hoje foi incrível, eu, com sensível melhora, após o pouco de café (chá) que consigo tomar, sento no sofá para ler o jornal e a sala se enche com uma turma super animada de biólogos recém formados ou em vias de. Amanhã começa um congresso de zoobotânica e a cidade está tomada por esta espécie. Como é típico de amigos virtuais que se encontram pela primeira vez, com interesse específico em comum, parecem umas gralhas. Me viram ali, quietinha, rindo das piadas desengonçadas que contavam, e resolveram me convidar para sair com a turma. Fui. Fomos até o Museu Emílio Goeldi. É claro que eu estava com a turma da biologia, eles não foram ver pesquisas antropológicas, museus e livros. O terreno deste museu é enorme e conta com um zoo e muitas plantas nativas, uma delícia. Melhor ainda que tem um rapaz daqui, Breno, que ciceroneia a turma e conhece tudo e todos, inclusive os animais, pelos seus nomes, até parece o tarzan. Quando ele se afasta, os macacos começaram a gritar feito loucos.

Foi uma bela manhã, eles seguiram para outro ponto turístico e de interesse do grupo: o Mangal da Garças. Eu voltei, ainda preciso descansar entre uma atividade e outra.

Como ando comendo muito pouco, na verdade estou retomando este hábito alimentar, resolvi dar um tempo neste negócio de comida regional. Fui até um restaurante japonês e tomei um misoshiro seguido de um sashimi de salmão.
Viva a globalização!