quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cuenca e Ingapirca

A viagem...

Acordamos bem cedinho em Quito. Na noite anterior havíamos arrumado as malas. Também nos informamos das condições dos ônibus já que os para Otavalo não tinham banheiro. Nossa viagem agora poderia durar de 8 a 10 horas, portanto...
As estradas do Equador são ótimas e grande parte delas está sofrendo melhorias, como a duplicação de pistas. A estrada que pegaremos para a cidade de Cuenca é a mesma que fomos para Otavalo: a Panamericana Norte e agora, a Panamericana Sul. O conceito desta rodovia é a ligação das três américas por meio terrestre, iniciando-se em Ushuaia, no estremo sul da Argentina e terminando em Prudhoe Bay, no Alasca, EUA. Não sei como está em outros países, mas no Equador ela está ótima.

Estrada Panamericana

Saímos sem passagem comprada pois a informação era a de que saem ônibus de hora em hora. Fomos em um ônibus da empresa Sucre para a Província de Azuay localizada na parte sul da cordilheira andina do Equador, cuja capital é Cuenca. O centro histórico da cidade foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1999.

Antes de embarcar fomos aos servicios higiênicos, extremamente limpos, paga-se 10 centavos para urinar e 15 centavos para o restante. Saímos pontualmente as 10h06min. com chuva e com apenas onze passageiros. Nos esbaldamos esticando as pernas na poltrona do lado, afinal a informação era de que o trajeto era direto, sem paradas então teríamos duas ou mais poltronas para cada passageiro.
Pois sim! Da mesma forma que a ida para Otavalo, o auxiliar (agora são dois rapazes) coloca a cabeça para fora e grita CuencaCuenca!!!! A diferença é que o ônibus dá uma paradinha pois algumas pessoas estão com malas.
Passamos por Cotopaxi, um dos vulcões do Equador, mas não vimos nada. Além da chuva estava muito nublado, uma pena.


Na segunda parada, às 10h40min, ainda chovendo, entra um senhor com um saco enorme de papas fritas e distribui provinhas. Sai e logo após retorna com um aramado enorme, cheio de saquinhos com papas e garrafas de água e refrigerante amarradas pelo gargalo e penduradas em seu ombro. O rapazote do banco de trás liga seu pequeno celular com sua música favorita, que não é a minha, num tom para que todos possam compartilhar de sua generosidade. Após um prévio aviso de um dos passageiros o celular é desligado. Começa o sistema de som do ônibus, com música e informação. Após passar por um pedágio, o ônibus sai da estrada principal e começa um entra e sai de cidadezinhas nem sempre agradáveis. CuencaCuenca!!!! Entre os passageiros que sobem, agora está um parado no meio do veículo com flauta e caixas acústicas. Inicia-se o show. Depois de uns 20 minutos faz propaganda de seus cds e passa a caixinha.




Lá pelas 12h45min o ônibus para novamente. CuencaCuenca!!!! Agora na cidade de Ambato, local para troca de ônibus para quem quiser ir para a cidade de Baños. Muitos passageiros descem e um batalhão de passageiros, vendedores e palestrantes sobem. Neste momento inicia-se a grande feira, vende-se de tudo: empanadas, papas, frutas, água, refrigerante, jornal, filmes, cds, gelados... O cheiro ficou aquilo depois de cada passageiro comer algo diferente. Para dar mais brilho ao trajeto e não deixar a peteca cair, um senhor para na frente do primeiro banco e dispara uma verborragia enloquecedora. A palestra é sobre enfermidades, qualquer uma, e como cura-las, a todas. Iniciou pedindo desculpas e licença para falar 10 minutinhos. Passaram-se 40 minutos e mais um pedágio e o chato continuava. Depois de mais 10 minutos começou a vender um vidrinho e um livro. Passada uma hora e o chato se calou. Eu já estava sentindo todas as dores e doenças que ele falava.





Às 14 horas paramos em Riobamba para um almoço. Nossa, melhor não comer nada. Nada de nada, até a água engarrafada era suspeita. Ainda bem que tínhamos nossas barrinhas de cereais e banana que roubamos no café da manhã. Após exatos 20 minutos o motorista entrou no ônibus, deu a partida e fomos embora. Nem sequer conferiu se todos os passageiros estavam lá. Por volta das 16 horas, ônibus lotado, quatro passageiros em pé e um novo palestrante.




Vendas na beira da estrada
Continuava chovendo. ÀS 18 horas escureceu e ascenderam as luzes do ônibus. Oh! Luzes redondas nas cores azul e laranja, tipo néon, lembravam uma seqüência de discos voadores, tipo um engarrafamento. Uau!!
Luzes que se ascenderam ao entardecer

19ºC – 19h20min – continuamos bravamente para Cuenca
19h33min – dizem que daqui a dois minutos chegaremos
19h40min – CHEGAMOS!!!
E só agora entendi a cara que fez o rapaz do hotel em Quito quando falamos que iríamos para Cuenca de ônibus.


Cuenca





Praça Calderon, ao fundo nova catedral sem as torres



Hotel Cuenca

Nos hospedamos no Hotel Cuenca no Centro Histórico desta bela cidade. Como a maioria das casas coloniais de Quito e de Cuenca, nosso hotel tinha um pátio interno para onde davam todos os demais cômodos. Não é permitido reformar estes imóveis pois são tombados pelo patrimônio mas pode-se realizar algumas melhorias para que os prédios tenham uma funcionalidade nos dias de hoje. E são de uma beleza incrível.




Plaquinhas informativas para que senhores e senhoras não errem a porta dos baños





Fizemos um tour num ônibus de dois andares e a chuvinha que caia impediu que seres mais sensíveis fossem lá para cima pois no andar superior não tinha teto. Mesmo assim valeu. Saímos da Praça Abdon Calderon. Este senhor que dá nome à praça foi um dos que lutaram pela independência do Equador e sendo reconhecido por Simon Bolívar postumamente.





Na Praça Central encontramos a Catedral da cidade. Na verdade as duas catedrais. De um lado a catedral antiga, pequena, branca e hoje funciona um mosteiro, Catedral Vieja. Do outro lado a catedral nova, enorme, escura. Conta com três cúpulas brancas que destoam do estilo arquitetônico e ficam bem no meio do prédio. Na frente, duas imponentes torres se apresentam sem as cúpulas. Conta a história que um alemão, dito arquiteto ergueu a catedral mas errou nos cálculos das torres que ficaram, desde sua criação sem o acabamento das cúpulas.




Praça Calderón
A cidade é cortada pelo rio Tomebamba. De um lado o centro histórico, de outro, ao sul, a cidade nova. É neste lado que fica um lugar que já foi sagrado e onde faziam oferendas. É a parte mais alta de Cuenca, hoje tomada por antenas dos meios de comunicação, mas a vista é magnífica.

Rodeando o rio Tomebamba, dos dois lados, um parque com brinquedos para crianças, caiaques, pista de ciclismo e de caminhadas e El Barranco, onde encontramos casas muito bonitas nas margens do rio.
As roupas das mulheres são multicoloridas contratando com o preto elegante de Otovalo. Aqui não existe uma cor predominante. Assim como em Quito, o povo é atencioso, querido e muito formal.





Rio Tomebamba

O Museu do Banco Central Pumapungo conta com um sitio arqueológico restaurado e muito bem conservado, além é claro do próprio museu que é super completo. Tudo isso no centro histórico da cidade. Vestígios de civilizações pré-colombinas podem ser vistas no fundo do edifício estas são as escavações das ruínas incas de Tomebamaba.





Pumapungo





O transito é um pouco caótico, muito carro para um centro antigo, buzinas se ouve o tempo todo e os cruzamentos estão sempre trancados. Um aspecto superpositivo que chama a atenção é a quantidade de escolas, cada qual com seus uniformes diferentes.




A sociedade equatoriana preza pelos costumes mas também está aberta ao novo






rua de Cuenca

Aqui se dança salsa também. Entramos em um salão e ficamos no mezanino, melhor lugar para sentir a sensualidade deste povo.

Também foi aqui que conhecemos o Javier, um guia que trabalhava na empresa de turismo do ônibus de turismo. O que foi ótimo pois ele nos levou até Guayaquil, a maior cidade equatoriana, já não mais nos Andes, agora na costa.


Ingapirca

Pegamos uma van na Praça Calderon, estavam conosco, franceses, estadunidenses e canadenses junto com nosso guia Javier e saímos em direção as cidades de Ingapirca, Gualaceo e Chordeleg. A primeira é o complexo arqueológico mais importante e conservado do Equador, as outras duas são pequenas cidades. Chordeleg é uma palavra canari que significa “choro de ouro ou lágrimas de ouro”. Além do mercado a cidade conta com uma produção de cerâmica e muitos pontos de venda de artefatos em ouro e prata. A cidade é muito feia e tem um aspecto bem pobre. As colunas que sustentam os balcões dos prédios são muito finas dando um ar bem suspeito quanto as construções.





Mercado Público de Chordeleg





A religiosidade está muito presente





Mercado livre em Gualaceo

Em Gualaceo encontramos um mercado livre multicolorido. Esta cidade é conhecida como o Jardim de Azuay por ter mais de 50 qualidades de orquídeas. No caso não vimos nenhuma, deve ter uma estação específica.




Mercado livre em Gualaceo





Na estrada, vários locais com falhas geológica muito bem sinalizados. As tonalidades de verde impressionam. Durante todo o trajeto saltam bares improvisados na beira da estrada, todos com porcos assados, comida muito apreciada por estas bandas.


porquinho apreciado pelos equatorianos



“fabrica” de chapéu panamá em Chordeleg





Pegamos uma estrada de terra, esburacada, passamos pelo povoado de São Pedro e lá pelas 10h40min chegamos a Ingapirca.






Ingapirca




Fomos até o templo da lua, a cerca de 3.160 metros. Começou a chover e o frio aumentou. Notamos que o guia estava de luvas de lã. Nós, tipo cebola, estávamos bem com uma supercamada de roupas, preparados para qualquer estação, desde manga curta até casacos para chuva. Era só tirar ou colocar. Os estadunidenses e os canadenses se deram mal. Assim como chove, abre sol.




Ingapirca - Templo da Lua

O tempo fechou e fez 5ºC, estava um frio danado mas nem reparamos tamanha beleza e encantamento do lugar.





"Na terra do milho logo chega-se a Ingapirca, que significa ''paredes de pedras dos incas''. Ela fica na província de Cañar, a 40 minutos de Cuenca e a 4.000 m de altitude. A geometria da cidade se baseia em três formas circulares que remetem aos elementos fogo, água e ar. Entre as ruínas, vestígios dos Templos do Sol, de 500 d.C., e da Lua, de 900 d.C., época em que ''as mulheres trabalhavam no campo, enquanto os homens, polígamos, ficavam em casa fiando, tecendo e cuidando das armas e do rosto'', conforme relatos dos conquistadores espanhóis."


3 comentários:

  1. Hermosa y chistosa viaje. Nueve horas de autobus! Qué locura...
    Besos de Don Limones, siempre a la ordem.

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  2. Lindo, Malu!
    Adorei as excelentes descrições e detalhes dos pontos turísticos. Podem servir como roteiro e "dicas" para quem for ao Equador pela 1ª vez...
    Beijos

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  3. Malukete, tu falou bastante sobre as crianças uniformizadas, as escolas, tem alguma foto delas? Fiquei positivamente surpresa com toda a atenção que dão às crianças lá. Beijão!

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