Jericoacoara
19 de janeiro
Sei que fiquei um tempão sem dar notícias queridos amigos, mas o fato é que estou vivinha da silva e me divertindo bastante. Obrigada pelos mails cheios de preocupações e muito carinho.
Estou em Jeri, um pouquinho difícil de chegar lá de Barreirinha até aqui. Peguei um 4X4 “de linha” e foi uma longa jornada por “estradas” de areia fofa, dunas e zonas alagadas até Paulino Neves, de lá para Tutóia numa estrada – agora sim, estrada. Em Tutóia peguei um ônibus para Parnaíba pois não tinha mais para Camocim. De lá, um carro, pode ser chamado de táxi com preço fechado do trajeto.
Antes disso tudo, ainda no Maranhão, conheci Alcântara. Fomos várias do hostel, éramos seis, mais nosso guia. Maravilhoso, tanto a viagem de ida e a de volta, assim como o passeio pela cidade.
Depois, Barreirinhas, Atins (velho oeste é pouco, mas o vilarejo é encantador), Barreirinhas novamente e a viagem até Jericoacoara.
Então olha só.
No dia 12, quarta-feira, em São Luis esperamos a maré subir para navegar em nosso possante Catamarã. Estávamos eu, Denise (SP - viajamos juntas depois), Keyla (SE) e Elisabeth (NZelândia e SE) Aninha e Lígia (SãoCarlos-SP) acompanhadas de seu amigo Benê, maranhense que morou muito tempo em Alcântara e estudante em São Carlos. Ele foi nosso guia.
Na ida o motor pifou e ficamos com as velas – funcionou, ainda bem. Para amenizar um pouco a situação, um dos guias que estava ajudando com as velas, o Buscapé (que eu sem querer chamava de Barnabé, acho que ele não gostava), contava causos da região recheados de muito bom humor. Era gargalhada na certa.
Catamarã Alcântara - rua do Jacaré
Em Alcântara, descemos no porto do Jacaré e subimos a rua de mesmo nome. As pedras do chão formam desenhos de escamas, o desenho da rua é o jacaré.
Benê, na verdade, não é guia, é um antigo morador da região. Entrávamos adentro das casas, coisa que um simples guia não faria. Era bater palmas e pedir licença. Alguns respondiam: -”Como cresceu esse menino. Entrem, entrem” e entrávamos.
O povo daqui é super religioso, na verdade uma grande mistura, candomblé e catolicismo. E isso está em toda parte. Encontramos as ruínas da construção do que seria a casa do imperador, só que sua visita à cidade não aconteceu e a casa não foi terminada. O museu e a igreja estavam fechados, uma pena.
ruínasA cidade é belíssima e aconchegante, isso sem falar do famoso doce de espécie, que é gostoso que só vendo.
Voltamos ainda sem motor, só nas velas. Ainda bem que tinha vento...
Aninha e Benê tomaram um banho pois ficaram nas redes, na frente do catamarã e, a cada golfada d'agua, a “ducha” era certa.
Buscapé, com suas pontes na boca, por onde entrava bastante vento, continuava rindo e falando sem parar, uma delícia.
Alcântara
De volta a São Luis, à noite, acompanhamos no meio de uma praça, uma apresentação do Tambor Crioula com a dança das mulheres vestindo suas leves e coloridas saias - e rodavam, rodavam muito de modo que as saias formassem um leque cheio de cor. Todas nós fomos convidadas a dançar.
azulejos em Alcântara
No dia seguinte teria uma apresentação de
reggae em São
Luis, mas partimos (eu e
Denise) pela manhã para
Barreirinhas, cidade porta dos Lençóis
Maranhenses.
Foi como se tivéssemos mel, não passou um segundo e apareceram inúmeras propostas de passeio. Ficamos com apenas um: Conhecer os Lençóis a bordo de um maravilhoso
aviãozinho. Como estava tudo seco, sem as piscinas, essa era a melhor opção. E lá fomos...
UAU!!!!!!!!
Se seco assim já é deslumbrante, imagina com as piscinas que nessa época havia apenas uma: a dos Peixes.
Fantástico, outro mundo e é
monstruosamente grande! Tu te perde nessa imensidão toda. Teus pensamentos vão e voltam de qualquer lugar, pouco importa. O importante é que tu flutua entre uma duna e outra e, depois, o mar, como que coroasse toda essa beleza. É de embasbacar.
rio Preguiças - início dos Lençóis
Lençóis Maranhenses
toalhas secando em restaurante de Barreirinhas
No dia seguinte partimos para
Atins. Pegamos um barco “de linha” e subimos o rio Preguiças. Poderíamos ter ido em uma
voadeira, ou em um 4X4 “de linha”, mas tudo é muito rápido e queríamos calma, curtir cada volta do rio, sentir a mudança de paisagem, de uma abundante mata até a zona de pantanal e, por fim, vegetação mais rasteira, depois grandes e belíssimas dunas até chegar ao mar.
O passeio durou umas cinco horas, com paradas em Vassouras, com suas enormes dunas,
Mandacaru com seu farol, depois
Caburé, típica região de turismo e, por fim
Atins, um vilarejo bem organizado com praias
gostosas.
barco de linha
rio Preguiças - Vassouras
rio Preguiças Caburé e Mandacaru
Atins tem as ruas cobertas de fina areia, são tão fofas e quentes, que acabei queimando o dedão do pé. Nada muito sério.
Entre 12 e 14 horas não se vê viva alma nas ruas, tamanho a quentura de tudo. Até os cachorros se atiravam numa sombra qualquer com suas patas esticadas o mais longe do corpo que fosse possível.
Ficamos na pousada do Irmão. Ele é conhecido assim pois seu nome é muito esquisito – não disse qual era.
Denise, que já estava gripada, piorou. Mas quer saber? Se tiver que adoecer, que seja num local assim. Fizeram chá de limão, folha vic e eucalipto. Depois feijão, arroz e purê.
O povo de lá é super parceiro.
E o céu a noite? Com pouquíssima luz parece que o céu de lá tem o triplo de estrelas que qualquer outro lugar. É magia pura.
E a praia? O que é rio e o que é mar? Difícil de responder. É um paraíso que raras pessoas conhecem e por isso é magnífico.
Atins
Atins
"Porto de Atins"
Voltamos para a pousada Igarapé, em Barreirinhas numa 4X4 “de linha”- na verdade uma Toyota com uns 10 lugares, fora a cabine. Toda reforçada com barras de ferro, incluindo aí o teto pois, em alguns lugares a vegetação fecha o caminho e a Toyota passa, arrancando os galhos. O caminho, todo arenoso e barrento, que o pessoal daqui chama de estrada. Pulamos tudo que podíamos entre uma duna e outra e batendo muitas vezes no solo duro e molhado. O trajeto durou uns 50 minutos.
estrada estrada carro de linha
BarreirinhasPassamos o domingo na cidade-praia (do rio Preguiças) que estava completamente deserta.
Na segunda, eu e
Denise nos separamos. Ela retornou à São
Luis e eu segui viagem, fazendo inúmeras baldeações até chegar em
Jericoacoara estrada para Jericoacoara