Dia 16 de janeiro – sábado
Saímos do Porto de São Raimundo, Manaus, às 14h30min, um atraso de apenas meia hora. Passaremos pelas cidades de Barcelos e de Santa Isabel antes de desembarcar em São Gabriel da Cachoeira – SGC. A previsão é que a viagem dure quatro dias, chegando a nosso destino na quarta-feira, dia 20.
Tivemos um probleminha técnico inicial que foi resolvido gastando um pouco – que não estava previsto. A rede do João Pedro era pequena demais, furada demais. Todos no barco ficaram espantados com a situação. A cara do pobre coitado era de desolação, comovedora. Diziam que só teria redes à venda no centro da cidade. A situação era de profunda tristeza.
Pensei em bater na primeira palafita do porto e perguntar se uma nobre alma não poderia vender sua rede, pois o desespero era grande.
Faz frio diziam uns, vai cair, outros.
Disse ao João que iria sair do barco por alguns instantes para comprar mais água (a do barco era um pouco mais clara que a o rio Negro). Ao atravessar a rua, me deparo com uma venda, compro a água e finalmente a rede. Pelo dobro do preço do centro, é claro.
Então, se alguém está pensando em viajar de barco no Amazonas, leve uma rede grande e confortável – até pra não passar vergonha diante dos demais passageiros e da tripulação.
Mas isso rendeu bons frutos, conhecemos muitas pessoas legais que imediatamente, após risinhos escondidos, vieram nos ajudar. É claro que seremos motivo de piada deste povo por algum tempo, faremos parte do folclore local, deixamos nossa marca.
Após navegar por mais de três horas, ainda é possível ver a cidade de Manaus no horizonte. Neste ponto o Rio está estreito e é possível ver as duas margens. O tempo está encoberto, pela manhã, antes de nossa partida, choveu muito. O ar tem um cheiro gostoso e com o andar do barco venta um pouco.
Todos estão em suas redes. As pessoas não ficam circulando por ai. As redes praticamente se encostam umas nas outras. Na parte de cima do barco tem umas 40 redes coloridas. Na parte de baixo, onde fica o motor e onde estamos, tem umas 20 redes.
Aqui, tudo que se faz é público, inclusive a ida ao banheiro, pois tem que levar o papel e seguir a “trilha”, passando por todos.
Temos dois banheiros, sem pia, só privada. Um masculino, outro feminino. Dois chuveiros. Pia, só a da cozinha. E viva a higiene!
O barco é limpo e logo após a partida o convés foi lavado. As laterais da parte de baixo estão sendo preparadas para receber uma lona azul, para caso de chuva e sol. A parte de cima já conta com “este equipamento”. A tripulação não para um minuto e entre uma tarefa e outra, comem uma fruta ou comem trabalhando.
Como é de costume nesta parte do país, fomos muito bem recebidos por todos os companheiros de rede. Em especial por um senhor que trabalha na pastoral evangélica em Santa Isabel, a Missão Caiuá. O Sr. Mendonza nos ajudou na colocação das redes e deu dicas valiosas sobre a água do barco, por isso saí para comprar mais e trouxe a rede do João Pedro também. Conhecemos também o Arnaldo, que trabalha com o Sr Mendonza e a Liliana, que faz a faculdade de enfermagem em Manaus e sonha em conhecer Florianópolis.
Apesar do espaço restrito, tudo está organizado e aos poucos nos adaptamos. O único inconveniente é o barulho do motor – e serão quatro dias...
No barco tem de tudo, duas motos, lava-roupa, computador, motor novo, produtos de limpeza e vinhos encaixotados, enormes isopores com gelo, frutas, caixas diversas, malas, sacolas plásticas, sacos de bagagem, mochilas e malas.
Este barco se chama Comandante Sabóia e é coordenado pela tripulação do Gênesis. Fizemos questão de vir com eles devido à indicação de dom Edson Damian, bispo de SGC que irá nos receber na Arquidiocese.
A janta foi servida às 18horas, pois logo depois escurece. Todos, organizadamente fizeram uma fila para se servir. Logo após, sentaram-se no chão com seus pratos e colheres e saborearam a sopa de carne e massa elaborada pelo cozinheiro local. A sopa é boa, tinha até tutano e muito coentro fresco.
Dia 17 de janeiro – domingo
Desde ontem a tripulação está envolvida com a entrada de água no barco. Hoje, às 5h, acenderam as luzes, abriram o alçapão que fica sob as nossas redes e começaram o bombeamento. Fui direto ao banheiro porque agora só existe um, o outro está destinado ao bombeamento. Fiz bem, quando sai, a fila estava enorme. E, sem espelho, sem pia, eu e todo mundo nos arrumamos.
O rio está baixo, dá pra ver pela margem, barrancos com raízes das árvores aparecendo e, em alguns lugares, nascendo uma vegetação rasteira. O pessoal daqui diz que a encosta está de 6 a 10 metros de baixa no rio, dependendo do local, devido à seca.
Quando se vê muitas imbaúbas novas, percebe-se que ali já houve devastação pela ação humana a e que a própria natureza se encarregou de sua regeneração.
Vemos também plantações de macaxeira (aipim pros gaúchos). Passamos pela comunidade de Nova Floresta, que é composta de várias casinhas, igreja da Assembléia de Deus e conta com motor de energia. Logo em seguida passamos por duas casinhas com telhado de Palha de Açaí, casa típica indígena. Mais adiante, isolada, uma casinha flutuante.
Algumas bolhas e espumas passam pelo barco. Nos informaram que se tratava da formação da Pedra Espuma e que essa formação é muito mais comum no rio Solimões. Dom Edson disse que isso é bobagem. A água, quando passa na corrente do rio vai ao encontro de galhos e raízes e vai formando espuma que, com o tempo vai tornando-se pedra espuma e é utilizada como lixa para os pés e mãos.
Muitas praias aparecem. Muitas pedras também. As pedras nas margens mostram a força do rio desbastando a floresta e enviando sedimentos para mais longe, formando novas praias de areia. Onde antes era floresta alta, ficam apenas pedras. O rio vai se alargando.
A sensação de bem estar, de beleza é indescritível. É uma sensação de paz.
Café da manhã: café, leite, sanduíche de pão, presunto e queijo; abacaxi, pupunha, que tem gosto de milho cozido, mas é uma fruta; banana cozida, bolo de milho, será?; e melancia.
11h – Paramos em Carvoeiro, uma pequena comunidade a margem do rio Negro. João Pedro e outros subiram até a igrejinha de Santo Alberto.
Até agora o céu está nublado, o sol vem e vai. O tempo está bom pra navegar. A noite fez muito frio, na verdade o vento é constante e minha rede, estreita. Ainda bem que trouxe o abrigo pra chuva. Dormi entrouxada. Já o João Pedro não tem esses problemas, tá com uma rede bem grande.
Dizem que temos que provar o peixe matrixã. Providenciaremos!
Almoço às 12h, comida farta, arroz, massa, molho, galinha, carne de panela, salada de maionese, banana e melancia. Novamente fila pra se servir, mas desta vez, algumas mulheres mais velhas furaram a fila. Não houve nenhum comentário, mas elas faziam gestos com as mãos no rosto denunciando sua arte. Os homens mais jovens colocaram o prato no parapeito do barco, que é bem fininho, viram-se para o rio e sem segurar o prato comem em pé como se tivessem num balcão de bar. As mulheres e crianças sentam-se onde é possível, banco (poucos), escada, chão. Nós também. Terminado o almoço, rede e soneca.
Vida difícil...
Não tiramos fotos dos pratos como fizemos em Manaus porque iria pegar mal por aqui.
Poucas aves em toda a trajetória. Dizem que o rio Negro tem menos peixes que o Solimões devido a sua acidez, mas é estranho ter tão poucas aves aqui.
O que vimos neste dia inteiro: floresta, praias, pedras, água, céu, nuvens, sol e nós mesmos, o tempo todo.
A paisagem é linda, hipnotizante.
Lá pelas 17 horas chove no horizonte em três áreas concentradas. O barco parou umas duas vezes, diminuiu a velocidade, virou para um lado, para outro, havia encalhado. O timoneiro é fera – saímos.
.
O por do sol é belo. A nuvem que esconde o sol acaba por ficar com duas cores, uma alaranjada, outra, amarelo claro, até parece o “encontro das luzes” no rio negro.
Chegamos em Barcelos às 19 horas, uma hora de atraso devido aos quatro encalhamentos. Já é noite fechada.
22 horas. Pensávamos que o barco estava lotado e que em Barcelos iria esvaziar um pouco. Ledo engano. Desceram uns seis, subiram uns 30. Tem rede por todo o lado, na parte de cima e na parte de baixo do barco. Fora a carga. Tá lotadaço! Não vi a cidade, pois quando atracamos foi como pisar num formigueiro. E o número de banheiros continua o mesmo.
Itens de segurança, número máximo de passageiros... Mas parece que todos acreditam em deus por aqui, seja ele qual for. Tomara que ele tenha embarcado em Barcelos também. Tomara.
Dia 18 de janeiro – segunda
Novamente quase ficamos num banco de areia.
O dia está ensolarado, o rio Negro mais belo ainda, um espelho.
A lancha que nos acompanha saiu em frente ao barco com uma vara comprida para medir a profundidade do rio. A vara deve ter uns dois a três metros e conforme a medição, o barco vai girando para contornar os bancos de areia.
Tem muitas crianças a bordo. Quase imperceptíveis. Elas brincam, falam, fazem arte, mas é tudo muito discreto. Ao lado de minha rede tem dois meninos. Eles brincam o tempo todo como se fossem dois gatinhos, inclusive ronronando.
Passam por nós vários barcos de pesca para turistas, sempre isolados uns dos outros. Passamos também por uma balsa que estava tirando seixos do fundo do rio – uma pedrinha para a construção. Isso é permitido?
O rio está um espelho, chega um ponto que não se sabe mais o que é céu e o que é água, realidade e reflexo se confundem.
Depois do almoço, o menu é o mesmo de ontem, a maioria recolheu-se em suas redes. O espaço é pouco e não há muito que fazer.
A tarde está muito quente, mas também calma.
Ainda passamos por vários bancos de areia, muito lentamente. Parece que o atraso até SGC será de um dia, tendo em vista a lentidão imposta a nossa viagem.
Encalhamos novamente hoje. Da outra vez, fomos todos para a proa do barco, livrando o peso da parte do motor e conseguimos sair. Desta vez a situação parece mais grave. O barco deu ré, a lancha procura o melhor rumo a tomar. O motor chegou a fazer um redemoinho com água e areia quando começamos a navegar novamente.
Saímos de ré, fizemos a volta e seguimos viagem, vagarosamente, com a lancha à frente.
Até agora foram os bancos de areia. Depois de Santa Isabel vêm as pedras. Dizem que fica mais difícil e aumenta o número de horas de navegação até SGC.
Das 12:30 às 15 horas, dormimos, não tinha mais nada a fazer.
Tirei uma foto de uma senhora, sua neta e seu bisneto. A primeira coisa que fez antes da foto foi tirar o crucifixo de dentro da blusa para expor também. Eles vão até Santa Isabel do Rio Negro. Quando comentei sobre a beleza do rio e da floresta ela respondeu: - você acha? E com a mão no rosto, encobrindo a boca, com o siso escondido, balbuciou algo à sua neta. Era como se rissem do “absurdo” que falei.
Com o por do sol passamos pelas comunidades de Palmilha e de Nazaré.
Uma série de gafanhotos não consegue atravessar o rio e acabam caindo. São enormes e provavelmente virarão comida de peixe.
A lancha vai à frente ao barco, guiando-o, medindo a profundidade do rio com uma longa vara e apontam para o rumo que o timoneiro deverá seguir.
Este lado comunitário demais às vezes cansa um pouco, mas vai-se levando. Agora, no final do dia, as coisas se acomodaram e as pessoas conversam bastante, tudo parece mais leve.
Uma coisa boa neste tipo de embarcação é que não precisamos de janela, uma vez que não tem paredes. È uma sensação ímpar deitar na rede e assistir tudo que se passa em volta. Ver o rio em toda sua beleza.
Tem muitas crianças no barco, mas quase não se percebe. Conversam, brincam, mas sem fazer alarde. Agora mesmo, atrás de minha rede tem quatro crianças pequenas brincando de carrinho e fazendo barulho de motor com a boca. Mas o barulho é tão fraco diante do barulho do motor que nem se percebe. Isso sem falar das outras que brincam em suas redes.
Aqui não se anda sem camisa e todos tomam banho seguidamente.
À noite, com o perigo de encalhar na areia ou bater nas pedras, num determinado momento as luzes foram apagadas, ligando-se apenas o foco do barco, quando necessário. O céu se acendeu, todas as estrelas brilharam e a lua apareceu, crescente, no horizonte. No espelho do rio também tinham estrelas.
Isso daqui é uma bela imensidão de tudo, não consigo pensar em algo que se iguale ao Rio Negro e sua Floresta. As fotos que tiramos são bonitas, mas não dão a dimensão do que vemos e do que sentimos.
Conhecemos a Estelita, enfermeira em SGC. Ela conhece dom Edson, fez elogios e nos convidou para acompanhá-la em alguns treinamentos que realiza em comunidades de São Gabriel. Adoramos o convite e é claro que iremos.
Chegamos em Santa Isabel às 22 horas. Muitas despedidas. Gente boa indo embora. Aquela quantidade de pessoas que entrou em Barcelos havia nos deixados receosos, mas agora que muitos partem, deixam saudades.
Não era essa uma das intenções desta viagem? Se despir daquilo que se é e estar aberto ao que virá e de como virá? Aos poucos vai-se aprendendo a se liberar das manias e preconceitos que carregamos dentro de nós.
Mas que é tri bom dormir com mais espaço, isso é!
Dia 19 de janeiro – terça
Durante a noite, o barco ficou ancorado no porto de Santa Isabel. O trajeto até SGC tem muitas pedras e a tripulação preferiu esperar o dia raiar para navegar.
O João Pedro saiu com as meninas que conheceu no barco, Liliana, estudante de enfermagem e as netas do dono do barco, Nilza e Raquel. Tinha uma festa na cidade.
Eu fiquei de papo com Estelita, ouvindo histórias dos bois de Parintins e sobre curiosidades dos indígenas do alto Rio Negro.
O dia amanheceu nublado, vento gelado, barco vazio, por assim dizer...
Agora devem ter umas 30 redes, a viagem começou com umas 50, foi para umas 80 em Barcelos e agora com 30. Até parece um salão de baile.
A tecnologia deveria ser repensada pra estas bandas. Na parte de baixo do barco tem cinco computadores em funcionamento. Uma internet viria a calhar...
Encontramos outro barco de passageiros vindo de Manaus, saíram de lá na quinta-feira, nós no sábado e já os ultrapassamos. Um de nossos tripulantes foi para lá. Com todo o aperto, a falta banheiro e de pia, prefiro estar nesta embarcação que tem especialistas contratados para fazer esta viagem do que no outro barco que, por não ter tido esta preocupação, acaba demorando mais e correndo mais riscos.
O rio Negro é tão grande e está tão calmo que mais parece uma lagoa gigante.
Passamos por nuvens de chuva e agora o relevo começa a mudar, vemos alguns morros e algumas extensões de terras mais elevadas que antes.
Durante todo o trajeto encontramos pequenas bolhas no rio. Chamam de rebolhos, vem do fundo,e formam anéis. Significa que é fundo e, ou tem pedras, ou a areia está se misturando devido as diferentes correntes do rio. Significa também que tem uma fundura razoável e é possível navegar.Nova borboleta veio nos visitar. Grande, amarelo queimado com bordas pretas. Pelo visto, continuamos com sorte. Aliás, o dia de hoje está sendo ótimo, pouca gente, dá pra conversar, sentar, ver a paisagem...
Agora mesmo, deitados em nossas redes acompanhamos a mudança da paisagem, o barco se movimenta e, nós, de platéia, na rede, assistimos o “filme” passar.
O tempo também está agradável, amanheceu fresquinho, nublado, depois abriu sol, mas entre nuvens.
Até agora nenhum mosquito.
Depois da sesta da tarde, ao acordar percebi que a floresta havia sumido. Tinha só rio e nuvens. Pensei estar flutuando em algum lugar. Fiquei ali parada, deitada na rede, olhando e imaginando como é bom poder voar.
Apareceram mais pedras, a floresta voltou.
Um casal está deitado na rede assistindo filme no computador. Os que não tem o que fazer puxam um banquinho e ficam no entorno. Pronto, virou uma sala de cinema.O sol se pôs. Eu, o João Pedro e dois tripulantes ficamos na proa durante um tempo, sem falar, apenas curtindo o vento do alto do rio Negro e assistindo o nascer da primeira estrela da noite.Tem muitas pedras, é perigoso navegar.
Atracamos numa praia deserta. O motor de energia deixou de funcionar, tudo ficou escuro, foi a maior festa. Imagina só, um único barco no alto do rio Negro, noite estrelada, lua crescente e sem luz.
Foi um festival de lanternas e descemos para a praia. A tripulação fez uma fogueira e ligaram seus celulares numas músicas eletrônicas chatas (foi a única parte desagradável da noite).
Para as crianças o mundo se transformava num parquinho. Desciam a rampa no escuro, entravam na água, jogavam areia na fogueira, faziam fila para as fotos. Só davam elas.
O rio baixo, bancos de areia, pedras, atrasos devido à seca, tudo isso somados as borboletas, só poderiam dar no que deu: a noite mais estrelada que já vi.
Compensou toda a viagem, o desconforto de dormir na rede, a falta de banheiros, o barulho do motor...
Dia 20 de janeiro – quarta
Compensou toda a viagem, o desconforto de dormir na rede, a falta de banheiros, o barulho do motor...
Dia 20 de janeiro – quarta
Lá pelas 5 horas a tripulação começou a trabalhar, recolheram a rampa, fecharam a lateral do barco, arrumaram a energia e recomeçamos a navegar.
A lancha saiu duas vezes para fazer a medição de profundidade à frente do barco.
Gostaria de voltar aqui no período das cheias para ver as diferenças. Pode ser mais belo do que já é?
Quanto mais próximo de SGC, mais as comunidades ribeirinhas deixam de ser formadas por cablocos e passam a ser exclusivamente indígenas. Cada comunidade é cuidada por ONGs diferentes, todas tem uma placa indicando o nome da comunidade e da ONG. As etnias não se misturam em uma comunidade. Cada etnia forma uma comunidade diferente.
Passamos por barcos com telhadinhos. Chamam-se Batelão. São canoas com telhados de proteção. As vezes uma família viaja durante dias nestas canoas que contam com fogareiro e redes. Os telhados podem ser cobertos por lona ou com palha. Usam o motor Rabeta, um pequeno motor com um cano longo para manter a hélice afastada do barco.
Descobrimos um ditado daqui sobre um peixe que comemos na praia da Lua em Manaus, o peixe jaraqui.
“Quem come jaraqui, não sai mais daqui”.
Almoço foi servido às 11h. Vamos chegar no início da tarde em SGC.
A lancha saiu duas vezes para fazer a medição de profundidade à frente do barco.
Gostaria de voltar aqui no período das cheias para ver as diferenças. Pode ser mais belo do que já é?
Quanto mais próximo de SGC, mais as comunidades ribeirinhas deixam de ser formadas por cablocos e passam a ser exclusivamente indígenas. Cada comunidade é cuidada por ONGs diferentes, todas tem uma placa indicando o nome da comunidade e da ONG. As etnias não se misturam em uma comunidade. Cada etnia forma uma comunidade diferente.
Passamos por barcos com telhadinhos. Chamam-se Batelão. São canoas com telhados de proteção. As vezes uma família viaja durante dias nestas canoas que contam com fogareiro e redes. Os telhados podem ser cobertos por lona ou com palha. Usam o motor Rabeta, um pequeno motor com um cano longo para manter a hélice afastada do barco.
Descobrimos um ditado daqui sobre um peixe que comemos na praia da Lua em Manaus, o peixe jaraqui.
“Quem come jaraqui, não sai mais daqui”.
Almoço foi servido às 11h. Vamos chegar no início da tarde em SGC.
Muito legal o que escreves, Maluzita! Viajei junto.
ResponderExcluirFalamo-nos por e-mail, João Pedro e eu. Estou adorando a aventura. Beijão
Ai, Malu, que viagem! Desse jeito, vais ter que escrever um livro com estes registros ricos de detalhes! Até parece que estavam na minha frente as redes, a fila do banheiro, as crianças brincando...Aguardo ansiosa o próximo capítulo. Ah, por acaso não passou por vocês um cara de caiaque? Ele é daqui e estava descendo o rio Negro desde SGC e ia para Manaus. Achei a amior coincidência, vocês subindo o rio e ele descendo! Bom, um beijão prá vocês!
ResponderExcluirNossa! É lindo demais!!!!
ResponderExcluirAs mais chegadas precisarão de um encontro de retorno só para ouvir tuas lendas...digo, histórias...risos....Te cuida, gatona! Bjka, Dir
ResponderExcluirMaluzita,
ResponderExcluirque surpresa maravilhosa ler e ver isto tudo aqui hoje!!! Estive alguns dias fora de POA (tomando uns banhos de chuva e tomando uns mates em pleno nordestão...Onde? Em nosso adorável litoral, é claro!) sem acesso a internet e hoje quando abro o blog de vcs dois encontro esta preciosidade! Tua escrita está encantadora! Temos aí o relato da experiência, dados coletados e até gestos, "jeitos" e falas da população... que farto material estás reunindo, hein?? E tudo isto apresentado com toques literários que nos transportam até aí e nos confirmam o encantamento da tua escolha de viagem. É uma grande gentileza de vcs "compartirem" esta jornada conosco. Beijão pro cêis aí. Que sigam em boa viagem.
Malu
ResponderExcluirAdorei viajar com o seu relato. No final do ano farei uma ínfima parte do que vocês fizeram, indo de Manaus até as Anavilhanas, mas num barco para gringos. Não que eu não goste de navegar no balanço do barco e de uma rede ao lado da população local. Já fiz isso no delta do Parnaíba e só tenho boas lembranças. Quem sabe no futuro sigo os seus passos e vou até SGC e de lá parto para o Pico da Neblina, como uma turma do Centro Excursionista Brasileiro fez anos atrás.Boas "aventuras" para você.
Ana Isabel