25 a 29 de julho
Cheguei a Ouro Preto no domingo, lá por volta do meio dia. É estranho chegar às cidades de Minas, elas não tem (pelo menos não vi) um pórtico ou uma placa de saudação do tipo “bem-vindo a cidade...”, então, muitas vezes se chega, mas não se sabe. Assim foi em Ouro Preto. Além de a entrada estar feia, maltratada e suja.
Mas, após sair do entorno da rodoviária, Mama Mia! É como voltar no tempo, como se estivesse sonhando um sonho bonito.

Vista do Museu da Mineralogia - Museu da Inconfidência e Praça Tiradentes
Pousada Depois de me instalar na pousada do Chico Rei, uma das mais antigas da cidade, bem no centro, mas fora da Praça Tiradentes que é super movimentada, fui bandear pelas ruas. Levei um mate, é claro e, quando cansei, sentei no monumento a Tiradentes e me pus a olhar o povo. Durante todo o dia a praça ficou apinhada de gente. A quantidade de pessoas idosas caminhando vagarosamente pelas ruas de pedras chama a atenção. Até parecia uma procissão. Crianças aos montes. Muita gente. Ao contrário da cidade de Tiradentes, aqui o povo está, literalmente, nas ruas. Mas, também muitos carros, a maioria prateados ou pretos, todos circulando no entorno da praça. É um movimento incrível, parece até a Rua da Praia, ao meio dia.
A visitação aos locais fica um pouco prejudicada, pois não é possível ficar em frente a uma vitrine ou obra sem ter um monte de gente te empurrando ou passando na frente. Por um lado é ruim porque tu não consegues te concentrar, mas, por outro, é bom demais ver que as pessoas não vêm aqui só pra comprar, vê-se a quantidade de pais com seus piás entrando nos museus e igrejas e lá permanecendo por bastante tempo.
Visitei o Museu da Inconfidência. Além de belo é enorme e um atendimento exemplar. Toda a sala tem um guarda que fica observando as pessoas e, por mais de uma vez eu fiquei em dúvida de alguma coisa e me socorri deles. E olha só! Me auxiliaram respondendo minhas perguntas e ainda sugerindo comparações entre obras. Estavam vestidos de guardas, mas eram guias perfeitos.
Nos museus não é possível tirar fotos nas áreas internas, nem mesmo levar bolsas e sacolas. Tudo fica em armários com chaves na entrada dos prédios. Geralmente é cobrada uma taxa de visita, variando de dois a seis reais por pessoa, ou meia para estudantes. Eu chorava um desconto me colocando como professora. Em alguns lugares deu certo.
Outro local bárbaro é o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, conhecido também como Museu da Mineralogia. Fui porque estava de banda, normalmente não entraria num museu com este tema. Ainda bem que estava à toa na vida e entrei. É muito maior que o Museu da Inconfidência. Nunca imaginei que pudesse existir tanta pedra diferente no planeta. E quer saber? A maior parte delas é de Ouro Preto mesmo! Vista da Escola Estadual Dom Pedro II
Calçamento
Igrejas, muitas que nem lembro o nome. Uma mais bela que a outra. Muito ouro também. Quase que me converti. Foi por pouco. Um viva para Mestre Athayde e Aleijadinho, entre outros.
Outra característica da cidade são os chafarizes e as pontes. São muitos, ficam nas paredes com suas bacias e alguns ainda a jorrar água. As pontes trabalhadas em pedra sempre contam com uma cruz para proteção dos que lá passam. Dizem alguns que as almas se vão com as águas que correm levando lamentos. A cruz daria proteção para aqueles que cruzam a ponte.
Avistei o Grande Hotel de Ouro Preto que foi projetado por Oscar Niemeyer no início dos anos 40 e, com todo respeito e admiração por sua obra, não creio que a cidade tenha ganhado mais valor com esta construção, ao contrário, destoa imensamente do restante.
"Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve;
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d'ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!"
Tomás Antônio de Gonzaga
Também conheci um pouquinho da cidade de Mariana, que fica bem pertinho. Desta vez fui de ônibus, pois o Maria Fumaça só mais pro final de semana. Tudo bem, já tinha andado de trem antes.
A cidade é bem pequena se comparada a Ouro Preto, mas é bonitinha no centro histórico e está bem conservada. Na Catedral da Sé de Mariana tem um órgão que foi construído no século XVIII e, segundo os panfletos ainda está em funcionamento, com concertos marcados para as sextas e domingos pela manhã.